Edição n.º 143

A ira da Terra

Aquilo que está a acontecer no Alentejo – onde praticamente não chove há quase meio ano e, em consequência, não há pasto para os animais, os quais poderão ser em breve abandonados pelos seus proprietários – ilustra a dimensão da tragédia resultante da falta de água, particularmente na metade sul de Portugal Continental.

Em muitas outras regiões do globo registam-se secas muito mais severas, provocando a morte de milhões de pessoas e animais, obrigando multidões a abandonarem as suas terras, algumas outrora férteis.

Diz-se que é a revolta da Terra contra as agressões de que é vítima – pese embora as “teorias” dos negacionistas das evidentes alterações climáticas.

Há prospectivas sérias ligando a água à eclosão da Terceira Guerra Mundial.

Respeitadas personalidades mundiais vêm formando credível tal hipótese. Já em 2017, o Papa Francisco, durante um evento no Vaticano sobre os recursos hídricos, interrogava: “a água será a causa de uma Terceira Guerra Mundial?”. E depois de citar as cifras divulgadas pela ONU, segundo as quais “todos os dias mil crianças morrem devido a doenças ligadas à água”, Francisco defendeu que a solução é dar à água “a centralidade na política pública”.

É isso. Os poderes públicos devem erigir a água ao lugar mais elevado das suas preocupações, das suas decisões.

No que respeita a Portugal, há muitas medidas que podem ser tomadas, que devem urgentemente ser implementadas, desde a reutilização da água à dessalinização. E há as questões “difíceis” que nenhum governo tem conseguido enfrentar, como a reorganização do território, as culturas intensivas – as muito faladas de Odemira e outras e outras… E poderão os campos de golfe e as piscinas funcionar com a água reutilizada? Se não, é possível manter a actual legislação ou são necessárias medidas drásticas? Enfim, um rol de questões que reclamam coragem por parte dos decisores.

Como sustenta nesta edição dos Cadernos de Economia o especialista Joaquim Poças Martins, num texto notável (página 34), “a água é, em última análise, uma questão política”.

Exactamente: uma questão política!


ARG

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