É a habitação, senhores!
Sabe-se que de entre os grandes problemas que Portugal enfrenta, a habitação é, seguramente, dos mais graves. Uma evidência sem contestação.
Mas se a asserção é aceite por todos, as medidas a tomar (e tomadas…) são objecto de divergências entre académicos, empresários, senhorios e inquilinos. E, sobretudo, entre políticos, preocupados em anunciar grandiloquentemente a qualidade dos seus projectos. “A minha medida é melhor que a tua”, sublimam. Nada a obstar, viva a democracia.
Porém, vem-se verificando nos últimos dias que um debate, absolutamente necessário, que se deseja da maior utilidade, está a descambar para polémicas crispadas, declarações agressivas, acusações insultuosas. São poucos os actores que escapam – incluindo os do topo.
Entretanto, faltam milhares de casas em Lisboa, Porto e outras urbes, sobretudo do litoral português, onde os que nelas trabalham estão impedidos de residir.
As ingentes questões a montante, como, por exemplo, o ordenamento do território e a desertificação do interior, não entram na “polémica”, parecendo desinteressar aos digladiadores.
Nada contra a retórica, desde que não paralise as medidas para resolver os problemas da habitação. E aqui chegados, vale a pena recordar a celebre frase de James Carville (chefe da campanha de Bill Clinton) proferida em 1992: “É a economia, estúpido!”.
Pois é. Para além das grandes declarações, É a habitação, senhores! – a exigir a conjugação de forças para enfrentar um dos maiores problemas do País. De facto, a habitação tem que constituir um desígnio nacional.
ARG