A DBRS manteve o rating da dívida portuguesa em BBB (high) (três níveis acima de “lixo”), com perspectiva estável para a evolução da qualidade do crédito.
A agência canadiana acredita que a economia portuguesa deverá recuperar na segunda metade do ano, beneficiando do ritmo de vacinação contra a COVID-19 em Portugal e na Europa, bem como do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “O processo de vacinação, a melhoria das condições sanitárias e o alívio das restrições permitiram uma recuperação de 4,9% no segundo trimestre de 2021. Estas condições e os fundos europeus poderão acelerar a recuperação”. A Comissão Europeia prevê um crescimento de 3,9% em 2021 e de 5,1% em 2022.
Os excedentes primários fiscais obtidos nos anos anteriores à crise e a redução no rácio da dívida sobre o PIB permitiram ao Governo avançar com estímulos temporários para atenuar os efeitos negativos da pandemia na economia nacional.
No entanto, persistem algumas vulnerabilidades como a elevada dívida pública, o stress financeiro e a perspectiva de crescimento baixo. “A magnitude do choque reflecte a natureza pequena e aberta da economia, bem como o peso do turismo”, lembrando que este último irá continuar a ser penalizado pela COVID-19, com valores ainda abaixo dos de 2019.
O défice disparou em 2020, mas “apesar das medidas adoptadas, deverá encolher para 4,5% do PIB este ano e cair para 2,2% em 2023”. A DBRS adverte para a importância da consolidação das contas públicas tendo em conta os desafios demográficos.
Sobre a dívida, é previsto que encolha “em cinco pontos percentuais em 2021 e outro tanto em 2022″, isto é, que venha a retomar a tendência de queda registada antes da pandemia. O Governo prevê que o rácio caia para 114,3% até 2025.
O relatório da agência de notação financeira canadiana regista ainda os progressos do sector bancário face à redução do malparado, mas sublinha que, com o fim das moratórias, estas melhorias “podem ser revertidas caso a crise pandémica afecte a solvência das famílias e empresas”, tornando inexequível os pagamentos dos créditos em mora.